Subúrbio
Um certo torto;
Contra evidências;
Giro sem rumo;
Vida sem prumo;
Olhar no vazio.
Um fazer teimoso;
De prazer incerto;
Confuso, inativo;
Remanso passivo;
Futuro sombrio.
Um agir por querer;
Contra o destino;
Uma triste revolta...
Ao batente da porta,
Não consegue chegar.
O tempo é furtivo;
Espumas ao vento;
De prisma retrô;
Não há mais fervor:
O viés da questão.
Sem pólvora e pavio,
E o leme à deriva;
Nem sorte, nem sina;
Amanhecer sem neblina:
É uma mesa sem pão.
O hoje é que importa:
Não pensa um minuto;
Estudar por prazer;
Trabalhar e vencer:
Mudou-se o cartaz.
Tá tudo errado:
Declínio geral;
Falta de amor;
Vida sem sabor,
Ausência de paz.
Meu Deus que fazer?
É preciso mudar!
Aguçar o sentir;
Parar, refletir,
E reabastecer.
Vidas à margem;
Delírio de morte;
Videira sem fruto;
É o insano astuto,
No subúrbio do ser.