Subúrbio

Um certo torto;

Contra evidências;

Giro sem rumo;

Vida sem prumo;

Olhar no vazio.

Um fazer teimoso;

De prazer incerto;

Confuso, inativo;

Remanso passivo;

Futuro sombrio.

Um agir por querer;

Contra o destino;

Uma triste revolta...

Ao batente da porta,

Não consegue chegar.

O tempo é furtivo;

Espumas ao vento;

De prisma retrô;

Não há mais fervor:

O viés da questão.

Sem pólvora e pavio,

E o leme à deriva;

Nem sorte, nem sina;

Amanhecer sem neblina:

É uma mesa sem pão.

O hoje é que importa:

Não pensa um minuto;

Estudar por prazer;

Trabalhar e vencer:

Mudou-se o cartaz.

Tá tudo errado:

Declínio geral;

Falta de amor;

Vida sem sabor,

Ausência de paz.

Meu Deus que fazer?

É preciso mudar!

Aguçar o sentir;

Parar, refletir,

E reabastecer.

Vidas à margem;

Delírio de morte;

Videira sem fruto;

É o insano astuto,

No subúrbio do ser.

Ailton Clarindo
Enviado por Ailton Clarindo em 04/10/2023
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