O ÚLTIMO SOLSTÍCIO

A podridão do ser que rasteja em vermes,

Não tolera mais uma noite mal dormida,

Em meio à terra das patas estarrecidas,

Rastejantes vermes que rodeiam a vida.

Um céu escuro cheio de energia escura,

Uma noite brilhante no horizonte da terra,

A despedida da aurora boreal, nos polos,

Mais uma faixa de um ciclo que se encerra.

Respire fundo no caos da tempestade,

Não busque a intimidade do amor inexistente,

Já que no mínimo tem de ser paciente...

Pela dureza das palavras e a doçura do conselho.

Me olho de frente ao espelho,

E estou nu dentro de mim mesmo.

A comida cheia de bactérias ao chão,

Pedaços de carne, de frango, de coração...

Sim, o meu... Ali no meio despedaçado,

Só poderia ser o de um apaixonado,

O de um antes amado, aliviado,

O de um agora repreendido.

A vida vai para frente e você para trás,

De golpe em golpe, de ás em ás...

A última carta do baralho, de quem será?

Quem, por fim, se deixará...

E... Desaparecerá?

Sim, um caratê numa série,

E um sanduíche inteiro na mão,

Um suco de maracujá,

Até parece solução...

Mas a morte chama, e já!

Tu que ainda está na vida,

Crendo amar...

E só desperdiçar.

Talvez queira o desperdício...

Até o seu último suspiro,

Até seu último verão,

Até o seu último inverno,

Até o seu último solstício...