PRÁ TODO LADO
prá todo lado que vejo, tem vida
uma em combate, outra ferida
uma com asa aberta
outra debaixo da bica
recolho cada pedaço
curando cada ferida
num canto coloco a materia
no outro coloca a comida
prá todo lado tem vida
umas sempre abertas, outras até escondidas
abraço a que me rejeita
beijo a que mim é Frida
no lado oposto tem gosto
de sangue sendo comida
do lado oposto do rosto
a vida e a morte unida
um corpo em descompasso
guardado dentro da mochila
a luz não brilha na vinda
a noite escurece na ida
a morte espera com calma
meu eu entrar numa briga
não sei se mato ou morro
a bala é minha armadilha
prá todo lado tem vida
umas na ponta da espada
outras na ponte caida
um beijo jogado pra mim
serve como despedida
a flor regada no campo
é flor apenas fingida
sugando do leito da terra
a morte servindo a vida