Mel e Canela

Oh, desventurosa madrugada,

Pôs-me aqui ao holocausto,

De minutos intermináveis,

E passos arrastados.

E da janela um sussurro,

Mudo, vazio e angustiado,

Minha voz de outro mundo,

Meu antigo pecado.

De minutos intermináveis,

De um início estagnado,

Seus lábios sussurram,

Um desejo já acatado.

Veio angustiar-me de verdade;

Como um passado desfigurado,

Refugiar-me a vontade;

Com um ímpio regalo.

Pensei que resistirias as marés,

Quando lhe deixei partir,

E que as ondas incapazes,

Não te afastariam de mim.

E então esperei,

Mesmo que não saiba,

Por dias a fio,

À beira da praia.

Enfim pude sentir algo,

Ao longe de ser vago,

De gosto amargurado,

Mais que memorável.

E do passado uma minucia,

Pois meu toque lhe faltou,

Meu abraço foi-te vazio,

E minha poesia insuficiente.

Sem nos perder em abraços vazios,

Sem seguir o ritmo do nada;

E nos perder em carícias sem sentido.

Estou por fim perdido

Sem esperanças, ouvindo

Sua última canção.

De todo meu vazio,

Apenas eu.

Dmitry Adramalech
Enviado por Dmitry Adramalech em 04/09/2023
Código do texto: T7877393
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