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O Anjo Das Asas de Pedra é mais que uma coletânea de poemas, é uma somatória de diversos sentimentos, ora relacionados aos nossos sofrimentos individuais, ora relacionados aos sofrimentos coletivos que nos são impostos.
Dentro do contexto coletivo, encontramos também uma crítica à sociedade, à política, ao descaso com o meio ambiente e um apelo à resolução das chagas do nosso mundo.
Em um contexto mais individual, a autora fala sobre o amor como objeto, sobre a ingratidão, as ilusões, a perda de confiança, as divisões e cicatrizes que as pessoas provocam umas às outras e suas consequências imediatas e de longo prazo.
Se tudo isso coubesse em um único coração, como ele seria? Indissociável como uma rocha ou frágil como areia? Assim como não podemos contar os grãos de areia, também são incontáveis os sentimentos cabidos dentro de um coração como esse.
CORAÇÃO FAVELADO
Nesse coração favelado
Apodrecem amores mortos
Nos tiroteios da vida
Onde os traficantes
Que não gostam do amor
Usam a droga do destino
Para sustentar seu vício.
Nessa favela
Sentimentos maltratados vivem amontoados
Em barracos caindo aos pedaços,
De frente para esgotos a céu aberto
Repleto de moscas e insetos.
Esse coração
É uma verdadeira favela
Com sangue e miséria.
A polícia
Nunca prende os bandidos,
E ainda enchem esse coração
Às vezes tão vazio
Com balas de fuzil.