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O Anjo Das Asas de Pedra é mais que uma coletânea de poemas, é uma somatória de diversos sentimentos, ora relacionados aos nossos sofrimentos individuais, ora relacionados aos sofrimentos coletivos que nos são impostos.
Dentro do contexto coletivo, encontramos também uma crítica à sociedade, à política, ao descaso com o meio ambiente e um apelo à resolução das chagas do nosso mundo.
Em um contexto mais individual, a autora fala sobre o amor como objeto, sobre a ingratidão, as ilusões, a perda de confiança, as divisões e cicatrizes que as pessoas provocam umas às outras e suas consequências imediatas e de longo prazo.
Se tudo isso coubesse em um único coração, como ele seria? Indissociável como uma rocha ou frágil como areia? Assim como não podemos contar os grãos de areia, também são incontáveis os sentimentos cabidos dentro de um coração como esse.
MATÉRIA EM DECOMPOSIÇÃO
Tudo perde a graça
Quando o tempo passa,
As cores se desbotam ao vento,
O verde vira cinza de repente
E o riso de amizade entusiasmado
Se transforma em um rosto de cansaço.
Essa vida é alegria momentânea
Quem acredita no eterno só se engana,
No fim de tudo, tudo acaba
E das festas e fotos risonhas
Resta apenas a lembrança amarga
De um adeus desanimado.
Mas tudo isso não me assusta
Já aprendi a acalmar meu coração,
No fim de tudo o ser humano é apenas
Matéria em decomposição.
E minha cabeça exageradamente fértil
Imagina mil monstruosidades
Mas quando chego no local determinado
Não há nada que gere o medo de verdade.
Além de tudo eu descobri
Que eu não sou assim tão indispensável,
Tudo vai bem sem mim, o mundo,
As pessoas, os bichos e os carros.
Mas tudo isso não me assusta,
Já aprendi a acalmar meu coração,
No fim de tudo o ser humano é apenas
Matéria em decomposição.
Tudo perde a graça
Quando o tempo passa,
As cores se desbotam ao vento,
O verde vira cinza de repente.
Jamila Mafra