NOITES DA ALMA

Arrasto-me no charco

Escuro e fétido

Escura noite

Silêncio e brumas

A lama negra

Pegajosa

Gruda na minh'alma

Fétida

Escura

Alma de lama

Engulo a lama

Vomito a alma

Retrato de mim

A escarnecer

Do pântano gosmento

Da minha travessia

Nem Caronte com a sua barca

Ousa penetrar

Vou só... vou só... vou...

 

Há dias em que tudo...

Tudo se passa assim... assim...

Apenas uma pequena passagem

Na infinitude dos tempos?

A mente responde que sim

Mas ao coração dorido e sozinho

Parece a eternidade...

Uma eterna eternidade...

Que ilusão macabra é essa

Que estica a duração das dores

E encurta o tempo das bem-aventuranças?

 

Zildo Gallo

Piracicaba, SP, 06 de novembro de 2001

Revisado em: Campinas, SP`, 15 de maio de 2017.