A Decepção

Na teia traiçoeira da ilusão,

A decepção se arrasta, fera voraz.

Invade a alma com sua garras em vão,

E dilacera os sonhos que um dia se fez capaz.

A expectativa, doce companheira,

Cria castelos no ar, esperanças fúteis.

Mas a realidade surge sorrateira,

E desfaz a quimera, em túmulo de répteis.

A decepção é o amargo veneno,

Que escorre em veias de sonhos desfeitos.

É a faca que corta o coração sereno,

E deixa a alma em pedaços desfeitos.

A confiança que se despedaça,

As promessas que se evaporam no ar.

A desilusão se faz presente, crassa,

E deixa marcas difíceis de apagar.

Mas é na decepção que se revela,

A força interior, a resiliência do ser.

No vazio da desilusão, a chama singela,

Que permite renascer e renascer.

Ó, decepção cruel e inevitável,

Que molda o ser em suas mãos impiedosas.

Que se transforma em lição inegável,

E nos faz mais fortes, mais corajosas.

Que a decepção não seja o fim,

Mas um ponto de partida para o recomeço.

A cada queda, erguemo-nos com fulgor e afã,

E encontramos a esperança no abraço do progresso.