A Máquina de Calar Bocas
Em vão, se abstêm de calabouços
O silêncio estrangula todas as brechas
As línguas que se indignam como serpentes
Dançam filhos na condição gráfica
Como uma máquina exercendo seu ofício
Calando bocas por atos políticos ou pecados industriais
Mascando massas de comprimidos, suprimindo indecorosos
Paladares que saltam pelas frestas dos dentes espessos de cigarro
Descontinuar um coração pelo processo
De naufragar beijos em crânios
Vultos e labirintos que sempre mudam
São as imagens que tentam laçar
Rir sem botox, povoar um tórax
Com formigas desmembradas
Este boto azulado pertence
As ovas de tua pirâmide petroquímica
Interrogar mobilidades, pertencer ao plural
Derrotar o pacto pudico como se esquecesse de viadutos
O que molda este espaço se não compostagem de desejos
Assim deveríamos compreender suas vindas, não os censurar
Tumultua-las em tela, descarta-las nos discursos
Esconde-las como seres abissais, infundi-las da boca do público
Testemunha-las para a imprecisão de um sussurro
Desmonta-las e condena-las ao exercício de Sísifo
Aonde estão os cúmplices? A ópera Húngara?
Que pintaria uma mescla entre kitsch e luxúria
Para ilustrar a lua, seus olhos foram apreendidos
À análise que envolverá comícios aos ratos
Confinado em um tempo fragmentado
Antes de matar tais metais sem paleta definida
Alguém servira às visitas em uma bandeja de prata
Fragmentos e pílulas minúsculas de Ezra Pound