Cinzas

Eu deveria ter imaginado... que naquela manhã nublada de Novembro, melhor seria ter me atentado às mudanças climáticas.

Acontece que nunca tive trajes apropriados para quaisquer estações, sempre caminhei em carne viva, à flor da pele.

E desprevenida, a tempestade me alcançou no caminho... fria e ligeira, avassala(dor)a... bem antes que eu pudesse fazer a curva e buscar abrigo, bem antes que eu fugisse para dentro de mim.

Eu, sempre tão altruísta, ainda corri os olhos no horizonte querendo te encontrar, para que juntos, pudéssemos nos recolher... em vão... notei que só haviam rastros das minhas pegadas... você partiu bem antes da inundação chegar, estava ligado no "clima", eu é que não... e partiu sorrateiro e sem culpa, sem dar "desculpas "... ao menos foi honesto... essas, não teriam valor algum, e não poderiam evitar tua part(ida). Quem não é bom na ida, também não será na volta. Por isso minha re(volta) não faz sentido algum... para ambos. E por mais que eu tentasse alcançar teus passos, era inútil fazê-lo ... há muito já estávamos no descompasso, não fui eu que dei o primeiro passo... talvez tenhamos os dois errado os passos... eu apenas fiquei para trás... você sempre esteve tão distante... e tudo terminou em cinzas... na fogueira da memória... em labaredas que sequer chegaram a arder.

Fênix Arte
Enviado por Fênix Arte em 11/06/2023
Reeditado em 12/06/2023
Código do texto: T7811328
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