UM HIATO
Mastigo um dizer no canto da boca
Não quero expelir coisas indecentes
Você não sabe, mas eu gostaria muito
De ser um poeta romântico e sensível.
Eu viajo pelas estradas áridas da vida
Plantas sem flores e cheias de espinhos
Margeiam minhas aventuras noturnas
Eu não me canso de tropeçar em erros.
Mas tudo bem que eu não sou o único
Sei que muitos usam máscaras diversas
São camaleões perante um viver árduo
Enquanto saio de casa sem maquiagem.
O frio triste e hostil esbofeteia meu rosto
E dele arranca meus ais de sobrevivência
Que se transformam em versos gritantes
Eu não consigo falar de amor e sedução.
Caso você não saiba, eu já me apaixonei
Estive em paraísos inebriantes e quentes
E surfei por peles palpitantes sem pudor
Mas foi somente um hiato na minha sina.