MAL-ENTENDIDO
meu estômago está bêbado
mas na mente não tem uma gota
uma agonia misturada à náusea
como um sacolejo no barquinho
no mar do bom marinheiro
ressaca de sobriedade
tanto amor puro pelo ralo
arrastado junto com o chorume
assentado pelos nossos egos
azulejos encardidos da paixão
um desperdício sacal de sentir
outro maior ainda de verdades
saber onde teu coração mente
é desconhecer onde eu minto
tanta carne despedaçada aos anos,
rasgada nos murros dados no destino
tingidas por vestígios do que pudemos
facas amoladas de propósito
uma teimosia safada sem sentido
projetinho de poder de miseráveis
saber de tudo que tu mente
é comiseração perpétua minha
tanta matéria atravessada por nada
jornada cármica sem redenção no fim
mal-entendido pago de graça
conta que não podia mais ficar no fiado
um papelão escroto cheio de sentido
de interpretações, de sacrifício
saber o que tu não pode mentir
é ver todas as fraturas da minha alma