A ÚLTIMA CARTA DE ADEUS

Talvez eu me recorde desse dia como um dia sombrio,

mas ao mesmo tempo libertador.

Eu acreditava que o amor tinha sempre a porta aberta,

como disse o poeta em sua canção,

mas às vezes é preciso trancar a porta e jogar a chave fora.

Às vezes, quem passou pela porta aberta do amor

não sente mais vontade de voltar.

Talvez não existe mais porta, não existe mais casa,

não existe mais para onde voltar.

Não se pode voltar a um tempo que não existe mais.

O tempo que existiu foi eterno e se desfez no mesmo instante.

Há mais de dez anos eu te disse que sempre te levaria comigo

em algum lugar do meu coração,

E teria te levado por mais mil anos,

por todas as vidas que ainda terei que viver...

Mas chegou a hora de fazer o parto desse amor,

colocá-lo para fora, expurgar esse sentimento,

dizer adeus ao que já havia me dito adeus.

O amor se torna o que a gente faz ele ser.

Às vezes, palavras nos rasgam como um punhal,

nos cortam como uma navalha,

e deixam cicatrizes eternas na alma.

O que direi desse amor?

Que deixou de ser imortal

quando a chama se apagou.

Então vai! do amor está livre,

do amor se libertou.

Eu tinha tanta coisa para te dizer,

tantos sorrisos para compartilhar,

tantos abraços para te apertar,

eu queria tanto te dizer que eu consegui,

que eu consegui ser melhor do que antes,

que agora eu sinto orgulho de mim.

Mas de todas as palavras, só restou uma: adeus.

Marcelo de Lima Cruz
Enviado por Marcelo de Lima Cruz em 17/04/2023
Reeditado em 23/04/2023
Código do texto: T7766372
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