Carta à Narciso

Sinto saudades dos seus pedacinhos

Aqueles que você reservava a mim

Na morte do dia

Engolidos a seco enfim

Sinto saudades das suas sobrinhas

Dedicadas de todo mal grado

A sustentar uma alma faminta

Prisioneira do seu espectro esvaziado

Sinto saudades do seu desassossego

Das descortesias e cóleras

Os arrogantes desmazelos

Das peçonhentas lorotas

Sinto saudades dos dissimulados disfarces

De não pescar em fantasia

Só pra você me deixar aconchegada

E me permitir a periferia

Teresa Arabesque
Enviado por Teresa Arabesque em 30/03/2023
Código do texto: T7752536
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