Carta à Narciso
Sinto saudades dos seus pedacinhos
Aqueles que você reservava a mim
Na morte do dia
Engolidos a seco enfim
Sinto saudades das suas sobrinhas
Dedicadas de todo mal grado
A sustentar uma alma faminta
Prisioneira do seu espectro esvaziado
Sinto saudades do seu desassossego
Das descortesias e cóleras
Os arrogantes desmazelos
Das peçonhentas lorotas
Sinto saudades dos dissimulados disfarces
De não pescar em fantasia
Só pra você me deixar aconchegada
E me permitir a periferia