O Fantasma da Simulação
O azul se faz presente
Em todas as direções
Vistas por mim
Um mais escuro ao norte
Outro mais claro ao sul
Porém ele sempre é
Constante
Ele toma de mim
O sabor, o gosto
A diversão, a risada
E o prazer
Tudo o que saboreio
Ouço
Toco
Vejo
Cheiro
É só azul
Um dia, no entanto
Tropeço e dou de cara
No chão
Levanto-me
Minha visão está rachada
Tal qual vidro quebrado
Um canto discreto rachado
Deixando uma luz amarelada entrar
Levanto a mão
Tento quebrar mais
Para ver mais amarelo
Porém o vidro se regenera
E recompõe
Voltando a me iluminar
Com o azul
Espere…
Essa visão azul
Não é de minha autoria
Eu não quero ela
Eu não fabrico ela
Eu não desejo ela
Olho para mim mesmo
E vejo braços sobre braços
Pernas sobre pernas
Tronco sobre tronco
Um abdome que restringe minha barriga
E minha fome por comida
Um tórax que restringe minha respiração
E a fome espiritual
Do meu coração
Me faz sentir frio
E anestesia
Mesmo nos dias mais quentes
E mais vivos
Me faz ver
Apenas o que ele quer
Que eu veja
Decidi combater essa fumaça azul sobre mim
Ateando fogo em mim mesmo
Uma chama alimentada
Por tudo o que ele teme
E faz de tudo
Para evitar
Ele gritou dentro de mim
Disse para parar e apagar
Mas não dei ouvidos
Apenas fechei os olhos
E deixei a chama queimar
Até o fim
Quando ela acabou
Não senti mais frio
E minha visão foi habitada
Somente pelo
Amarelo