Vida dura e vil
Oh vida amarga, arteira e passageira,
De amores fugazes e mentiras mil,
Que nos consome como chama inteira
E nos devora a toda hora em seu ardil vil.
A dor que sinto é como um mudo punhal
Que sangra fundo e fere a alma inteira.
Não há consolo, não há luz nem fanal
Que possam curar a ferida primeira.
Oh mundo infame, enxague e corrompido
Que nos seduz com suas galáxias e falácias
E nos aprisiona em um egoísmo maldito.
Eu, sozinho, canto as manhas e artimanhas,
Canto a vida, a morte, a dor, cada amor ferido
Com esta voz estranha de minhas entranhas.