ESNORE

Eu vejo tudo cinza

Na real, tudo em preto e branco

As vezes preciso de tinta

As vezes me falta encanto

Coloro palavras por cima

Do tom das lágrimas em pranto

Sem drama, no entanto

Toda esquina é meu canto

Todo canto eu rabisco

Minha mochila pesada de tinta pra pixo

Cê acha que eu ligo?

As motoca na rua gritam

Madrugada cortando de giro

Melhor curtir logo a vida

Meu amigo vai ter um filho

Eu não sei se vale mais a fita

Por onde eu olho

Tá por um fio

No prédio ou no trilho

Fio de azeite

Fio do gatilho

Eu sem asilo

Saber a hora

Se eu corro ou se fico

Se eu luto ou só pixo

Desconto em paredes

O mais profundo grito

Tanto faz o pico

Se desço ou se subo

Do muro eu não pulo

É um tiro no escuro

Se serve o amianto

É o preto no branco.

Se me permite um conserto

É o branco no preto.

Tinta escorre sem apelo.

Um salve ao meu mano, e seu herdeiro.

Daiane Alves
Enviado por Daiane Alves em 22/02/2023
Reeditado em 22/02/2023
Código do texto: T7725195
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