ESNORE
Eu vejo tudo cinza
Na real, tudo em preto e branco
As vezes preciso de tinta
As vezes me falta encanto
Coloro palavras por cima
Do tom das lágrimas em pranto
Sem drama, no entanto
Toda esquina é meu canto
Todo canto eu rabisco
Minha mochila pesada de tinta pra pixo
Cê acha que eu ligo?
As motoca na rua gritam
Madrugada cortando de giro
Melhor curtir logo a vida
Meu amigo vai ter um filho
Eu não sei se vale mais a fita
Por onde eu olho
Tá por um fio
No prédio ou no trilho
Fio de azeite
Fio do gatilho
Eu sem asilo
Saber a hora
Se eu corro ou se fico
Se eu luto ou só pixo
Desconto em paredes
O mais profundo grito
Tanto faz o pico
Se desço ou se subo
Do muro eu não pulo
É um tiro no escuro
Se serve o amianto
É o preto no branco.
Se me permite um conserto
É o branco no preto.
Tinta escorre sem apelo.
Um salve ao meu mano, e seu herdeiro.