CARTA PARA ANDREA

Parecia que era possível viver um sonho encantado se apenas acreditássemos nisso. Talvez o mundo estivesse aos nossos pés. Faríamos florescer a terra seca e, de velhos cacos, faríamos joias preciosas. Mas teu sorriso mudou repentinamente e tua alegria, ao que parecia, transformara-se em dor. Eu, verdadeiramente, só queria te ver feliz e forte como sempre fostes. Mas tu parecias fugir daquilo para que estava destinada e do sentimento que morava dentro do teu peito, sem refletir que não valia a pena insistir nisso. Duro era para ti resistir aos estímulos. Parecia, então, que o melhor caminho para seguir era o improviso e, neste conceito, não haveria mais segredos. Tudo estaria gravado e exposto como em páginas de um livro bom. Mas pagamos caro por sonhar alto demais e por não darmos valor ao que tínhamos de mais precioso dentro de nós. Nada parecia fazer sentido. Eu só queria poder conversar com alguém que me entendesse de verdade e que não me julgasse pelas coisas ditas. Não poderia permitir-me machucar-me de novo. Meu coração, provado pelo fogo, estava refinado e acostumado com o caminho que ele mesmo escolheu, muito embora, tortuoso e incerto. Meu caminho, minhas regras. No compêndio dessa trama algo muito importante ficou e o que ficou agora é meu. Certamente ficará guardado em mim para sempre. Sinto-me afortunado por isso e bem sei que se sentes também.