A NOIVA MORTA
Tão branca quanto o mármore de Carrara,
Aquele branco profundo,distante,
Que indica desde o primeiro instante,
O elemento frio da morte em sua cara.
Está ela no leito,estendida,agonizante,
Com olhos brancos que teimam em não fechar
Decepcionada com quem queria que viesse lhe visitar,
Só fechou os olhos e cerrou o semblante.
Desde o início que se via que tudo estava torto,
Não precisava ser adivinho para advinhar,
Que seu romance mal começou para acabar,
Nasceu de um amor que já estava morto.
E,ela viveu esse parco amor tão intensamente
Deu-se inteira e por completo,
E mesmo prevendo que não ia dar certo,
Comprou um vestido de noiva,insistentemente.
Mas, o varão tinha em mente uma outra flor,
Abandonou-a sozinha no sereno,
E sobre o Banco da praça deixou um frasco de veneno,
E mandou que ela provasse o seu amor.
A moça deprimida correu para casa com o frasco na mão,
E antes de tomar foi se trajar,
Ficou igual a uma noiva quando vai se casar,
E sorveu o conteúdo do frasco de supetão.
Agonizou por horas sem ninguém saber,
Quando seu irmão lhe ouviu chamar,
O qual foi até o quarto dela para se deparar ,
Com a sua irmã morrendo não se sabia de quê.
Apenas o seu irmão para testemunhar,
Que a morte,senhora da escuridão e da noite,
A levasse no silvo do seu açoite,
Baixou a cabeça e pôs- se a chorar.
Pegou na mão da moça tão fria e tão macia,
Resignado e cabisbaixo foi embora,
Lá fora,estava chegando a aurora,
Até o dia chorava pela chuva que caía.
Uma lufada de vento adentrou pela porta,
Que o vestido de noiva voou com o tremor,
Quis ela assim demonstrar todo o seu amor,
Por alguém que nem quis lhe ver morta.
Porto Velho 21/05/2017.
00:30 h