APAGADO
Esse não sou eu de verdade,
É apenas um esboço,
Talvez nada além de nada,
Uma parte do que nunca fui.
Nem eu sei quem eu sou,
Me perdi anos atrás,
Desde então caminho em círculos,
Que crescem cada vez mais.
Onde estou, eu nem procuro,
Me cansei dessa busca,
É um vale tão escuro,
Toda luz me ofusca.
Só há esse corpo pecador,
Que age por instinto,
Inconsciente de amor,
Está sempre faminto.
Quem está aqui, meu Deus?
Eu não me vejo mais,
No espelho não me reconheço,
Nem aos meus ancestrais.
Pilotado pelas conveniências
Nas quais eu me apoiei,
Vivo de aparências,
Cada uma eu criei.
Não me preocupo com a felicidade,
Essa nem me faz falta.
Nem sei qual a verdade,
Essa menos me importa.
Esse será quem,
Um estranho que inventei?
Sou um outro alguém
Que nem ao menos sei.