Um dia acreditei, caminhei, vivi.
No homem confiei, minha mão estendi.
Por todos lutei, me doei, defendi.
Cria em valores, honra e palavra.
Assumi compromissos, no amor acreditava.
Mas só o que encontrei
Foi abandono, perdas e traições.
Muito caí, apanhei, lamentei, sofri.
Difícil compreender o mundo que pra mim construí.
Mundo só meu, feito da ilusão advinda de ingênuo coração.
Perdida alegria, irreversível melancolia se integrou a mim.
Desiludido, do viver desgostei, nunca mais sorri.
Amarga lição aprendi: as pessoas não eram como as vi.
Formas, cores, odores,
Apenas máscaras disformes
Recobrindo deturpadas emoções,
Maliciosas intenções de predadores sociais.
Ávidos vampiros, insaciáveis em sua sede
Por luxuriosos prazeres, a todo custo aos
Mais baixos instintos tentando aplacar.
Cegos autocentrados, acumuladores compulsivos
sempre em busca de mais:
vantagens, conforto, riqueza, beleza, status, poder.
Meu, mais.... perdas? Jamais!
Os outros, não importam, são escória social.
Quem está ao teu lado?
O que subjaz a um sorriso ou a um aperto de mão?
Uma doce palavra pronunciada com educação?
Primorosos atores escondendo seres bestiais?
Nunca a verdade, a bondade, a pureza de intenção.
Filhos nefastos da Tecno Era
Treinados para a competição.
“Sejam os melhores em tudo o que façam.”
“Vençam, acumulem e cuidem de si.”
Esses os valores ensinados em escolas e lares.
O novo mundo dos vírus, fome, miséria e marginalização.
Do crescimento, ciência e tecnologia,
agentes do aniquilamento de toda Criação.
Profético, alertou o ilustre grego pensador:
“É preferível a ignorância absoluta ao conhecimento em mãos inadequadas”. (Platão)