A escuridão do outro

Não seja inspiração para alguém, nem a própria inspiração, nem inspire-se na poesia do outro, crie coragem, exponha o caos que é só seu, cada um tem a sua luz, a sua sombra, apontando a dor do outro, é a sua dor que você esconde... a poesia está nos escombros da sua alma, escombros do qual você foge, você quer derramar o que existe em você, não consegue, na escuridão do outro a sua máscara se torna somente a sua face, cada ser é único.

Buscando o impossível, descobri a musa que chamo de ilusão como um final de túnel que se aproxima, sem nós querermos aceitar, transformar a desilusão em sonho inalcançável, alimenta a íngreme jornada, que é ser, e você não quer realizá-lo pois se o alcançasse, morreria... o fim é um resto de você vaidoso que não aceita definhar, tende a matar a realidade, sabe que a estrada é mais bonita quando se fantasia.

Só que a estrada findou, apresentou o seu declínio, as paisagens secaram, todas as curvas sinuosas já foram ultrapassadas, lutar já não adianta, é chegado o momento que tanto temia, não tem mais para onde ir, o sonho foi alento, porém acabou, restando os abismos... e os passarinhos já não cantam, é você e os contratempos, aceite ou entregue-se a nostalgia, agarre-se à saudade nela sinta uma suposta alegria ou tormento.

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 29/11/2022
Código do texto: T7661022
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