PARTENÓPE

Presa entre o passado e o futuro

Rígida, resiliente

Erguida e contundente

A beleza em mármore

Eternizada

Cinzelada feito estátua num presente

Vigio

Olhos sem visão e existo

Invulnerável à intempérie do tempo corrosivo

E cada instante é um seculo

Renascida em cada olhar de admiração

Desprezo os predadores sem coração

Como eu...

De viver, ideia secularmente esquecida

A pedra não sucumbe e imita a vida

De dores e tormentos merecida

Minha feição de pedra hoje é guardiã do que já fora meu corpo

E inquisidora de toda minha ardência

O busto firme impera e mostra retidão e veemência

Daquilo que um dia já foi minha veraz consciência

A casca dura hoje apenas te lamenta

E sofre sem ter lágrima da imprudência

Daquilo que podia ter vivido

Mas agora já não pode mais saber o que foi o amor

Eternizada obtusamente nesta marmórea permanência.

2411220233

Alana Linton
Enviado por Alana Linton em 24/11/2022
Reeditado em 29/11/2022
Código do texto: T7656729
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