PARTENÓPE
Presa entre o passado e o futuro
Rígida, resiliente
Erguida e contundente
A beleza em mármore
Eternizada
Cinzelada feito estátua num presente
Vigio
Olhos sem visão e existo
Invulnerável à intempérie do tempo corrosivo
E cada instante é um seculo
Renascida em cada olhar de admiração
Desprezo os predadores sem coração
Como eu...
De viver, ideia secularmente esquecida
A pedra não sucumbe e imita a vida
De dores e tormentos merecida
Minha feição de pedra hoje é guardiã do que já fora meu corpo
E inquisidora de toda minha ardência
O busto firme impera e mostra retidão e veemência
Daquilo que um dia já foi minha veraz consciência
A casca dura hoje apenas te lamenta
E sofre sem ter lágrima da imprudência
Daquilo que podia ter vivido
Mas agora já não pode mais saber o que foi o amor
Eternizada obtusamente nesta marmórea permanência.
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