PARQUE DO HORROR
Não sou um poeta da morte.
Não é de propósito.
É injusta a alcunha.
Mas é que este fardo há muito
me tem sido muito pródigo.
Um belo dia, levou um amigo.
Bêbado e ao guidão, nas curvas da vida,
espatifou-se em branco muro.
Outro, cravejado de balas,
ao colo do amor de outra pessoa.
E tantos outros se foram,
que a memória não recobro.
Intolerante com as teorias filosóficas conspiratórias,
retirou meu cunhado de circulação.
Já a meu pai, deu-lhe o eterno esquecimento,
pois só o Alzheimer não lhe estava sendo suficiente.
Não bastasse isso, como um golpe de misericórdia,
arrastou minha amada irmã para sua companhia.
Rodas gigantes, Skyfalls, Barcos Piratas, Kamikazes,
o grande parque de diversões da vida
ficou macabro demais.