A angústia da influência
O véu da influência não é tênue.
O manto diáfano da fantasia
não deixa transparecer a nudez da verdade.
O poeta finge que finge ser Pessoa.
Aí vem outro e seduz,
recobre-lhe de sentido.
Ah, caro Eça, você errou,
debaixo há mais fantasia.
Outra e outra sobre outra mais fina.
Ao fim e ao cabo, é como casca de cebola.
Só coberturas restam jogadas ao derredor.
Um vazio lá dentro... Um desencontro.
E olhos que não param de chorar.
(Erick Bernardes, 12/11/2022