Amor sem fim

Ele me leva ao carro

Enquanto isso, até imagino o seu abraço

Seu cheiro, seu corpo dentro de mim

Jurando-me um amor sem fim.

Sinto-me linda

Sinto-me pura

Entreguei-me ao teu amor e ternura

Senti-me solta mesmo estando nua.

O calor dos lençóis em um quarto de motel

Banhado em gelo, rosa e coquetel.

Entrelaçados nos olhamos sem vergonha ou pudor

Fizemos vários planos na certeza de um eterno amor.

Mesmo sonolenta

Aparece-me um pesadelo em câmera lenta

Seu aparelho toca, uma voz diferente soa

Tentei-me lembrar, mas não sei quem é a pessoa.

Uma certeza eu tenho: não era parente

Era uma voz macia, suave e ao mesmo tempo indecente

Como o áudio do celular estava alto

Percebi algo na voz de sobressalto:

Ao fundo uma criança gritava...

Senti que ele olhou para mim, fingi que dormindo estava

A cama se tornou de espinhos enquanto por dentro eu chorava

Cada palavra me doía, minha vontade não era estar acordada.

Não sei como ainda consegui dormir

Sonhei com o campo de flores que construí

Uma tempestade negra vi surgir

Inundando de tristeza tudo de bom que já senti.

Ele me olha

Sua presença me devora

Ele sorri enquanto me traz o café

Olho para o lado e ele me faz cócegas no pé.

Diz um monte de coisas que não presto atenção

Digo que quero ir embora

Que naquela hora

Estava passando mal, sentindo pontadas em meu coração.

Ele me deixa em casa

Fico noite e dia atordoada

Resolvo dizer tudo que ouvi por telefone

Daquela moça e criança que nem sei o nome

Infelizmente o que parecia concreto

Tornou-se incerto

Não sinto mais nada

Alguém então me disse: “melhor sozinha que mal acompanhada.”

Mas não irei destruir todo campo

Por causa de uma praga

Enxugarei meu pranto

E por mim serei amada.

Maquio-me e me olho no espelho

Sorrio e canto embaixo do chuveiro

Passo a amar minhas curvas

Tenho certeza que existe algo melhor no universo

Sei que há resquícios de tristeza

Mas as torno em letras

Em cada um dos meus versos.