Pentagrama
Eu sou uma clave de dó.
Escrita na terceira linha,
Encontro a clave de sol,
Enfrento a clave de fá,
Escrevo outra modinha.
Me tocam, eu viola clássica,
Rebuscada partitura
De trama enigmática.
Nas cordas, como um martelo,
Raras vozes, ou violoncelo.
Eu sou uma clave de dó.
Poucos podem me decifrar.
Ainda que me leiam, é só
Jamais vão o sentido alcançar,
Como o fazem em fá ou sol.
Eu sou uma clave de dó.
Nem eu sei pra que sirvo.
Toco um parco violão.
Sem dedilhado,
Esmurro o bordão.
Nada posso, além disso.
Outra música, não sei tocar.
E não consigo evitar,
Tenho um compromisso só:
O de me aceitar, clave de dó.