A rosa.

Ontem

A rosa que andava

Cansada e doente

Saltou de um abismo

Cansada da vida

Doente de nada

Creio eu que de cinismo

Ou bruxismo

Eu não sei se a dor da rosa

Se assemelha à dor de gente

Que gente

É que quando adoece

Se recorda

Do mês de setembro

Que tão facilmente

Se finge que esquece

Até que um dia o ar se mova

E não chova

E que vente

E que invente um soluço qualquer

Perceba, após despetalada

Tinha tudo e não tinha nada

Que a existência, além de curta

É difícil

A rosa semimorta

Outrora bela

Aquela, da vida torta

Atirou-se

Lá do alto de um precipício.

Edson Ricardo Paiva.