Água retida

Do fundo do poço se conhece as paredes e de sufocamento elas são feitas.

Estreitas na luz, indiferentes ao respeito, são paredes imperfeitas.

Colados no apego, um a um, seus blocos são postos em amontoados.

São paredes de um poço aprisionador, sem consciência de amor, sem cuidados.

Como manter a água no fundo do poço sem ter de fazer esforço, sem oferecê-la boas condições de armazenamento?

Por que iludir uma mulher, causando-lhe feridas emocionais, dentro de um tóxico relacionamento?

Paredes do poço são frias, pensam em si mesmas, ainda não aprenderam o que é liberdade.

Apegar-se a algo que muito se quer e pouco se doa é não querê-lo bem, em verdade.

O poço se faz de profundo, tergiversa à tristeza da água que, a cada dia, insossa vai se tornando.

Num círculo vicioso, quanto mais a água fica, menos luz recebe, à medida em que vai aprofundando.

A água retida quer fluir, já cumpriu seu papel de amor e solidariedade às paredes do poço contenedor.

Mas o poço insiste em mantê-la, fazendo-a infeliz, mesmo sabendo que o fundo do poço a causa dor.

Maísa C. Lobo

15/09/2022

Maisalobo
Enviado por Maisalobo em 15/09/2022
Reeditado em 12/01/2023
Código do texto: T7606371
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