Agonia de viver

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Eu nasci?

Nossa! Nem tive tempo de perceber.

Tomei leitinho... Lata ou peito?

Também não me recordo.

Eu cresci...

Fiz travessuras.

Levei tombos e cascudos.

E de repente eu me vi ‘grande’!

Enorme, mas dependente demais.

Pai, uma grana, por favor!

Era a grana do cineminha;

era grana pra balada,

Grana pra tudo.

Grana!

Agora, sim, estou forte!

Arrumei emprego.

Concursado...

Aposentadoria garantida!

Eu cresci?

Nossa! Nem percebi.

Num futuro próximo...

Eu morri?

Não, mas que vida é essa.

Aposentado, mas cansado.

Independência financeira:

sustento os netos!

De que adianta se não cuidam de mim?

Preciso ir...

Acho que já fui

Ué, nem senti.

Eu morri?

Crato-CE, 30 de novembro de 2007.

21h44min

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