Uma mãe
Ante a perda de algo que se ama
A reação é uma coisa imprevisível,
Do duro coração ao mais sensível;
Distintas posições após o drama!
O tempo cicatriza uma ferida!
As vezes nunca chega a estancá-la...
Ou nós criamos forças pra curá-la
Ou sangramos por toda nossa vida!
Logramos renovar o nosso brilho,
Ou nos engole para sempre a escuridão...
Lhes mostrarei agora a triste reação
De uma mãe que enterrou o próprio filho!
Já viuva; trinta e sete de idade,
Mãe e pai de um único herdeiro
Em seu filho mitigava a saudade
Que deixara o destino traiçoeiro!
Não bastasse todo atro sofrimento
Resguardado pela morte do marido
Suportava o maligno tormento
De ver do filho o estado deprimido!
Seu menino não saía mais de casa
Amuado, cabisbaixo e recolhido;
Passarinho que perdeu a sua asa
Arco íris fatalmente esmaecido!
A dor do filho fere a mãe e a afeta,
De um modo ternamente inexplicável
Que é a força sensitiva do poeta
Ante um ser que tem amor incalculável!?
Mas se à uns se direciona a alegria
Outros viajam pela senda da tristeza
Se o equilíbrio para alguns se evidencia
Outros auferem na desgraça uma Certeza!
Pro desespero sempre há a esperança!
O horizonte se colore após a chuva!
Mas a dor tomou pra si essa viuva
Com o poder de uma perpétua aliança!
A mãe cuidava pra estar sempre por perto
Pra que o filho não se achasse solitário:
Era domingo; uma manhã de céu aberto,
O sol vermelho tinha a cor de um lavário!
"Talvez olhando a grã beleza deste dia
Meu filho traga alguma cor pra sua vida,
Como um caído que recobra a energia
E vai buscando na estrada uma saída!"
Mas o seio maternal, antro sagrado;
Lugar, onde o amor jamais se esfria
Abriu a porta e viu o filho enforcado;
Pela janela entrava a luz do meio dia!
Hoje ela erra pelas ruas da cidade
Com uma corda amarrada na cintura!
Não suportando do real a claridade
Foi abrigar-se entre as trevas da loucura!