EXÍLIO
EXILADO da vida que quero
sempre e sempre a procura daquilo,
daquilo que nem sei se existe ou se quero
mas, enfim exílio, profundo exílio.
Aqui afastado, regado, choramingo pasmado
às tantas horas do dia cansado,
mas mesmo cansado, ainda animado.
Desencontros no pensamento, confesso abalado.
Ah! que alegria sinto, nas frágeis coisas que passam.
Exílio danado esse. Chega noite, durmo só e fatigado.
Pela manhã, confesso minha felicidade.
Exílio danado esse. Me olho no espelho e veja a nobreza de minha idade.
Corro devagar pela estrada fria sob Sol escaldante.
Exilio danado este. Tanto Sol, tanta praia e eu aqui nessa quimera abundante!
Cheiro suave, perfume de mulher? Qual nada!
Exílio danado este. Fingindo contente, fujo disto tudo, na fria noite desalmada.
Violão companheiro e afinado. Quanto saudade!
Exílio danado este. Assobio minha música baixinho, no quarto solitário até tarde.
É como uma vitrine de coisas, minha ilusão.
Exílio danado este. Nada posso levar, nada posso comprar, que me resta então?
Observação: morava solteiro em Santos em 1978 e trabalhava numa empresa de canteiro de obra nesta época, morava numa república e me sentia meio deslocado lá, sem meu violão rsrs e escrevi isto. Era meu momento! Foi uma época boa sim...mas às vezes vinha algum pensamento mais triste, faz parte. Como seres humanos, usamos da poesia, maneira de se expressar estes momentos.
Inspiração no ano de 1978 (Obra AFC - rodovia Piaçaguera Santos / Guarujá).