AS HORAS AMARGAS
Tem vez de ter um amargo na alma que sinto
Feito losna e carqueja
Feito licor de absinto
A alma amarga tanto que chega na saliva
O amargo transcende a razão
Desperta
Provoca asco
É mais útil que o doce
Não é assimilado
Mas lançado fora
Ontem vivi uma vida amarga
Vida onde o sol foi embora e a lua ria de mim numa serenata macabra
Ontem passou
Como um amargo que vai embora
Mas o hoje se estancou
Amargo em doses homeopáticas
Em um amargo agora
Eu vi a minha face amarga em preto e branco
Apenas os olhos verdes brilhavam
Refletiam o amargo da vida
Que de doce só tem a embalagem
O chão amargo
A pedra amarga
A água doce, potável, de cloro amargo
As horas amargas se arrastam e deixam seu limo
Seu rastro de pecados não perdoados e irresolvidos
Investigo, suporto, vivo meu farto destino
E lá se vai mais um dia
Amargo feito quinino...
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INTERAÇÃO:
"Vida de guariroba
às vezes nos vence
às vezes é a gente que dobra!"
Ene Ribeiro
Grato poetisa!
09/07/2022
10:22hrs