Ardoroso

Apenas ficar imaginando, já não bastava; eu necessitava mais que meramente lhe desejar.

Tomado de impulsividade, saía por aí, precisava caminhar; na esperança de quem sabe, lhe encontrar.

Sempre procurava seu rosto e tentava lhe identificar no meio da multidão.

Porém, muitas vezes, as expectativas eram frustradas; me restava apenas a desolação.

Ensaiava para ter as palavras perfeitas, queria lhe passar uma impressão de extrema perfeição.

Coisa que, na prática, não acontecia, e tudo que era idealizado caía pelo chão.

Primeiro, pelo fato de na maioria das vezes, não conseguir lhe achar; e quando conseguia, ficava a emperrar; uma taquicardia me dominava, me fazendo travar.

Nada nunca deu certo e o nervosismo me tomava diante sua presença.

Não conseguia aproveitar as chances que tinha, e sofrer pelo seu amor parecia ser a minha sentença.

E assim foi; durante muito tempo, sendo um escravo do seu amor.

Querendo saber de tudo, qualquer coisa sobre você, qualquer rumor.

E nos momentos que dentro de mim o sentimento esfriava, fazia questão de fazer renascê-lo, pois, por ele ansiava.

Mesmo quando enxergava a realidade e ela de forma truculenta, me machucava.

Durante muito tempo, lhe amar, era algo soberano dentro de mim; era parte do meu cotidiano.

Mas, anos após meu insucesso, prefiro crer que você seja uma criação da minha mente, ou, um engano.

Talvez para evitar sofrimento, prefiro certas lembranças, simplesmente esquecer.

Porque doía profundamente saber que estava por aí, e jamais conseguir lhe ter.