Tim Maia
Lembro o jeito que ela acendia os cigarros
Pluralidade de gestos sensuais
Que me causam espasmos
E trejeitos sensacionais
Que me dão arrepios
Quando entrevejo seu beijo de nicotina
E aquele riso que ilumina a retina
Dando brilho à minha vida sem brio...
Daria uma belíssima pintura
Vendo Dalí aquela pele nua,
Kálida, dentro da madrugada Frida
Aquela textura
Aquarela ternura
Aquela silhueta
Incendiária
Salvando meu dia
Daria um belíssimo poema:
Era mais que divino tê-la
Era mais que divina tela
Aquela delícia de língua
Aquelas tetas belas
Aquela
Aquela
Aquela boca vermelha
A que ela recitava em minhas orelhas
Coisas ácidas e lindas
Sem tampouco deixar sequela
E doces como mel de abelha
Néctar
Lembro com assombro:
A sombra dela soprando uma baforada
Sorrindo
Ela também se esvaindo
Aos poucos
Sumindo...
Indo...
Vindo...
Extasiada
Ouvindo
Gostava tanto de você
Inspirando o ar que eu respirava...
Expirando...
Daria uma música feliz
Não dá, infelizmente
"Me dê motivo?"
Ela partiu
E nunca mais voltou...
E hoje, só, Lamento