AUSÊNCIAS ETERNAS
A fantasia que me movia pela noite
Em busca das migalhas do teu afeto
Foi evaporando a cada inseto em volta
De uma lâmpada incandescente e nula.
Minguado fui me incorporando às flores
De um paupérrimo lençol árido e surrado
Tive sede e a umidade dos teus lábios
Não se encontrava mais ao meu dispor.
Gélido como a extensão polar da solidão
Tentei expandir-me para além do círculo
Mas percebi que era mais que um século
A distância pela qual eu teria que rastejar.
Não era somente te enviar uma mensagem
Desculpar-me ou implorar para a tua memória
Colher os frutos daquilo que semeei em tua pele
Em cada saliência pelas minhas mãos férteis.
Passou a ser algo mais do que me reconstituir
E encontrar o desejo que me assombra no vazio
Ainda assim há minúsculos cacos que se foram
Para serem ausências eternas de um não retorno.