AUSÊNCIAS ETERNAS

 

A fantasia que me movia pela noite

Em busca das migalhas do teu afeto

Foi evaporando a cada inseto em volta

De uma lâmpada incandescente e nula.

 

Minguado fui me incorporando às flores

De um paupérrimo lençol árido e surrado

Tive sede e a umidade dos teus lábios

Não se encontrava mais ao meu dispor.

 

Gélido como a extensão polar da solidão

Tentei expandir-me para além do círculo

Mas percebi que era mais que um século

A distância pela qual eu teria que rastejar.

 

Não era somente te enviar uma mensagem

Desculpar-me ou implorar para a tua memória

Colher os frutos daquilo que semeei em tua pele

Em cada saliência pelas minhas mãos férteis.

 

Passou a ser algo mais do que me reconstituir

E encontrar o desejo que me assombra no vazio

Ainda assim há minúsculos cacos que se foram

Para serem ausências eternas de um não retorno.

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 26/06/2022
Código do texto: T7546246
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