furtando fragmentos da cena diante dos meus olhos posso sentir as borboletas movimentando-se em meu estômago. a média distância entre mim e a gota de suor que desce pela têmpora direita há um mar de erros e más decisões. peço aos santos que silenciem a paixão crescente por algo que não devo ter, amaldiçoo o dia que senti meus batimentos mudarem por um rosto tão conhecido.
como explicar que amar um não significa não querer outro alguém?
nunca foi meu plano olhar com novas lentes, ouvir com outra intenção. o nome sai de meus lábios com ternura e algo além que nem ouso nomear.
pecado.
precisaria eu dizer a todos do meu desejo proibido? meu estômago revira em apaixonamentos impossíveis porque não durmo só, mas também não durmo com quem sonho. e eu sonho tanto.
camadas e camadas de realizações, desejos latentes e manifestos que me escapam apenas quando permito que o onírico me leve além. traidora de mim mesma, enganando meus instintos e valores, queria não querer tanto. meus dedos no vidro da janela já simulam o toque proibido, aquele que não tenho coragem de assumir em voz alta. poderia eu dizer que não era a intenção enganar?
o que move em meu âmago é o pior tipo de borboletas, aquelas que se agitam por alguém que nem se pode ter, aquelas que se movem por outro quando já se tem alguém.