mariana

letras perdidas no amor,

papéis escorridos de dor.

enganada pela lábia, desgraçada

e abandonada na própria prisão

acreditava-se que só havia

uma paixão para toda vida,

mas se envolveu em outros

lençóis de Portugal.

I

esqueceu os convites do Barão

do Baixo Alentejo e chorou,

quando ele havia se esquecido

num matrimônio.

II

o Capitão do Mar, perdido em terras,

convidara de dançar na festa da vila,

os detalhes e os lábios perdidos

ao nascer do sol.

III

o fadista Cavaleiro da cidade vizinha,

tocou todas as notas da guitarra,

do coração à água que os cobriam,

assim que a primeira onda o levou.

IV

o Contador de Estrelas a encontrou

caída nos paralelepípedos, abraçou,

jurou as mais lindas das histórias

e a realidade virou ficção.

V

os lábios foram entregues ao Nômade,

estendidas na vista das estrelas.

no raiar do sol, o lençol, a partida

do adeus mudo.

VI

na última festa da vila, o Letrista

escrevia como amava-a e deu-lhe

a poesia do toque das mãos e das bocas.

o borrou apenas o último parágrafo da estrofe.

VII

um Perdido batia à porta do Convento

trocaram prosas apaixonadas no refeitório,

ofereceu-lhe o último copo d´água

até derramar tudo no chão.

Mariana dos Expedicionários
Enviado por Mariana dos Expedicionários em 03/06/2022
Código do texto: T7529927
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