viagem ao desconhecido
em águas turvas, eu mergulhei
em corpo nu, eu viajei
de encontro que há de profundo
dentro deste mundo.
meus braços estão a nadar,
e eu estou a encontrar
o que há de mais perdido,
quando se adentra ao desconhecido
pareço-me sozinha na imensidão
que quanto mais eu nado, vira escuridão.
eu não consigo mais ver.
eu não consigo mais ser.
peixes aparecem em meu caminho,
meus olhos soltam de arrepio.
são carnívoros, querem o meu corpo
e eu nado na correnteza
fujo enquanto ainda posso respirar
fujo enquanto meu coração acelerar
eles parecem em minha direção
e eu corro atrás do clarão
de encontro com a superfície, eu volto a respirar
nado sozinha até o litoral mais próximo.
os peixes sumiram de minha vista,
mas deixaram pequenos arranhões em meus pés.
corpo molhado na areia do mar.
ofegante, eu tento recuperar o meu ar
de uma viagem ao perdido,
na qual tive sempre o medo de mergulhar.