viagem ao desconhecido

em águas turvas, eu mergulhei

em corpo nu, eu viajei

de encontro que há de profundo

dentro deste mundo.

meus braços estão a nadar,

e eu estou a encontrar

o que há de mais perdido,

quando se adentra ao desconhecido

pareço-me sozinha na imensidão

que quanto mais eu nado, vira escuridão.

eu não consigo mais ver.

eu não consigo mais ser.

peixes aparecem em meu caminho,

meus olhos soltam de arrepio.

são carnívoros, querem o meu corpo

e eu nado na correnteza

fujo enquanto ainda posso respirar

fujo enquanto meu coração acelerar

eles parecem em minha direção

e eu corro atrás do clarão

de encontro com a superfície, eu volto a respirar

nado sozinha até o litoral mais próximo.

os peixes sumiram de minha vista,

mas deixaram pequenos arranhões em meus pés.

corpo molhado na areia do mar.

ofegante, eu tento recuperar o meu ar

de uma viagem ao perdido,

na qual tive sempre o medo de mergulhar.

Mariana dos Expedicionários
Enviado por Mariana dos Expedicionários em 03/06/2022
Código do texto: T7529923
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