Pedra ferida à beira-mar
Na areia fincada
Tristonha e perdida
Espera cansada
Talvez esquecida
À beira mar...
Uma pedra ferida.
Às vezes sobre ela
O sol vem e desmaia
Quando o tempo cruel
Faz sua sentinela.
Enquanto se espraia
Entre o mar e o céu.
Porém um esbarrão
Da onda sem calma
Um pedaço quebrou
E com ele arrastou
Talvez sua alma...
E na água espalmou...
Mas o resto deixou
Fincado ali no chão...
Tristonho e sozinho
Nem a força do vento,
Em redemoinho
Impôs o destempo
À essa paixão...
Pois o tempo sábio
Já espera paciente
A doce lua crescente
Para a acalentar...
E talvez ela intente
A tal ferida curar...
Mas esta, indiferente,
Olha do alto a costa
E vê o forasteiro mar
Que na pedra encosta
Ingrato e indolente
Para a acariciar...
Quem sabe ele volte,
Já menos distante...
Numa maré de sorte,
E num só instante
Venha a pedra beijar...
Adriribeiro/@adri.poesias