Aprendiz do outono
Para quem - de mim - merece,
assim como me oferece,
eu sou um poço de doçura.
Se de repente me procura
eu simplesmente trato bem.
Com respeito, sempre e a todos, retribuo
e muitas vezes vou ainda mais além...
Chego junto e contribuo
da maneira que convém.
Mas se vejo que alguém
me esnoba ou ignora
Simplesmente viro as costas
e decidida vou embora...
Se um dia vier falar comigo
o recebo como amigo
e trato com toda educação...
Pois não nego à ninguém
a devida atenção.
Sou gentil por onde passo
seja em qual for o espaço,
o momento e a circunstância...
Nem o tempo nem a distância
diminui meu sentimento
em sua força e sua constância
apesar do sofrimento
guardado na lembrança.
Do amor nunca desisto,
pois não perco a esperança
de conquistar um coração.
Busco, chamo e ainda insisto
como se fosse uma criança
mas não tolero humilhação.
Tenho cá os meus defeitos
mas não ajo por vingança
Ou para fazer exibição
das tristezas que carrego.
Tampouco noutros descarrego
as mágoas que me corroem.
Se essas chagas ainda me doem
guardo no peito escondidas
junto com os tolos anseios...
Ainda que vivam doloridas
Ou me causem devaneios...
Quando eu amo sou presença...
Se peco pela insistência
só luto contra o desamor,
a indiferença e o abandono.
Mas aprendi com o outono
a deixar ir todas as "folhas"
que, por destino ou por escolhas,
meu coração não é o (nunca foi) dono.
Adriribeiro/@adri.poesias