Aprendiz do outono

 

Para quem - de mim - merece,

assim como me oferece,

eu sou um poço de doçura.

Se de repente me procura

eu simplesmente trato bem.

Com respeito, sempre e a todos, retribuo

e muitas vezes vou ainda mais além...

Chego junto e contribuo

da maneira que convém.

 

Mas se vejo que alguém

me esnoba ou ignora

Simplesmente viro as costas

e decidida vou embora...

Se um dia vier falar comigo

o recebo como amigo

e trato com toda educação...

Pois não nego à ninguém

a devida atenção.

 

Sou gentil por onde passo

seja em qual for o espaço,

o momento e a circunstância...

Nem o tempo nem a distância

diminui meu sentimento

em sua força e sua constância

apesar do sofrimento

guardado na lembrança.

 

Do amor nunca desisto,

pois não perco a esperança

de conquistar um coração.

Busco, chamo e ainda insisto

como se fosse uma criança

mas não tolero humilhação.

 

Tenho cá os meus defeitos

mas não ajo por vingança

Ou para fazer exibição

das tristezas que carrego.

Tampouco noutros descarrego

as mágoas que me corroem.

Se essas chagas ainda me doem

guardo no peito escondidas

junto com os tolos anseios...

Ainda que vivam doloridas

Ou me causem devaneios...

 

Quando eu amo sou presença...

Se peco pela insistência

só luto contra o desamor,

a indiferença e o abandono.

Mas aprendi com o outono

a deixar ir todas as "folhas"

que, por destino ou por escolhas,

meu coração não é o (nunca foi) dono.

 

Adriribeiro/@adri.poesias

 

 

 

 

 

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 22/04/2022
Reeditado em 29/04/2022
Código do texto: T7500929
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