A ESTRADA DE KIEV
– Elegia aos Sem-Paz –
Sinfonia de gritos pela ingénua estrada
Com vida destroçada em denso nevoeiro
Voa apressado um tomahawk aventureiro
Levando no seu bojo a morte anunciada
Feita mensagem para o leader timoneiro.
Vai nele uma bandeira de pesada herança
Na retaliação de um gesto de terror
Guiado pela voz de inocentes com pavor
Intentando saciar a fome de vingança
Não dando tempo para sublimar a dor.
Estrada de Kiev, um cavalo a esvoaçar,
Qual Pégaso entre nuvens e a tristonha terra,
Sondando aos quatro ventos a paz e a guerra
Mas, ao olhar a estreita porta p´ ra franquear
Vê-se caído por um relâmpago que o aterra.
- Ó insensível Putin, que causa te demove?
- Que quereis de mim, ó justo e temeroso Deus,
Que tenho de fazer pra não ofender os Céus?
- A ganância e vanglória dentro de ti remove,
Se não queres desperdiçar a vida entre os teus!
Putin (que é como quem diz Saulo) respondeu:
- Venho fazer justiça ao terror desta Cidade,
Faço-o por mim com pundonor e sem vaidade
Pra trazer protecção e paz a quem a perdeu…
- Ai ó Putin, Putin, o que tu fazes é Fealdade!
Putin (o mesmo que Saulo) por terra derrubado
Atónito ficou e, surpreendido, declarou:
- Mil vítimas caíram e Deus não me perdoou,
P´ la espada morre quem co´ a espada mata, é o fado
Que, pelos vistos, com esta Guerra me calhou…
Ondas do mar revolto, dizei aos Potentados
Da saga dos recursos e das fontes de riqueza,
Sedentos de soberba e ávidos de grandeza;
Dizei-lhes que não é com armas nem com cardos
Que se constrói a Paz e se acaba co´ a pobreza.
Estrada de Kiev, desde há muito percorrida
Por entre margens insondáveis de emoções,
Quanto mais beligerância mais frágeis corações;
Estrada de Kiev, em guerra jamais vencida
Por não existir Paz no convívio das Nações!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA