Desafortunada
Sou a bruxa que não vingou,
Que muito maldisse,
Desejou o que não teve
Convencida de suas crendices,
Velando de olhos bem abertos
As esperanças mortas
Dos sonhos malogrados.
Rezou ao alto sem ser ouvida.
Disposta, acendeu fogueiras
Para seu destino aquecer,
Assombrando a si mesma,
Sobrevivendo ao amanhã
Quando pelo futuro desenganada.
Tentando seguir estrelas,
Sobe o mais alto que consegue
Possuída pela necessidade
Em retomar a promessa
Da metade perdida
Que, sem alcançar, persegue.
Ungida pelo fado do infortúnio,
Perdida por onde for,
Sai estrada a fora
Sem saber enxergar belezas
Quando o céu muda de cor.