109°
Escrever num sábado chuvoso
Buscando palavras febris
A chuva passa e você some de novo
Essas coisas acontecem constantemente
Basta alguém adentrar o meu espaço
Vivenciar meu hermetismo
O que posso controlar são meus desejos
A vida é um sonho de um pesadelo
Ai fico com cada poesia medíocre
Escrevendo até onde não há luzes
No fundo, eu gosto de sofrer
Falta em mim a tal atitude
Estou sempre na defensiva
Perdendo a chance de viver
Escondido dentro deste quarto
Corro o risco de sair daqui sem vida
Sou forte, mas não suporto tudo
Às vezes enfrento o escuro
Um medo que não consigo superar
Às vezes eu não queria ter nascido
Todo dia preciso provar o gosto amargo da vida
Como um palhaço esperando o espetáculo acabar.
Otreblig Solrac - O poeta burro