Arrancando a carapuça

Cansei-me de disfarçar os medos comuns;

De tornar a humildade uma égide à existência,

De espantar-me com a fugacidade alheia,

Ou mesmo de orgulhar-me por não ter orgulho.

Anseio não mais ter paixão,

Nem esperança,

Mesmo que seja a única solução;

Espero não ter mais o que esperar.

Invejo, como sempre, os impuros.

Esses sim me causam espanto.

Extasio-me com seus contorcionismos tétricos,

Que à olhos mortos parecem ousados;

Mas de perto, nem tanto.

Neste dia pretendo despir-me da tortura,

Respirar a aurora renovadora.

Iniciaria a manhã preferindo outro lugar...

Mais sujo e mais humano do que este!

Valter Pereira
Enviado por Valter Pereira em 22/11/2007
Código do texto: T748043
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