Arrancando a carapuça
Cansei-me de disfarçar os medos comuns;
De tornar a humildade uma égide à existência,
De espantar-me com a fugacidade alheia,
Ou mesmo de orgulhar-me por não ter orgulho.
Anseio não mais ter paixão,
Nem esperança,
Mesmo que seja a única solução;
Espero não ter mais o que esperar.
Invejo, como sempre, os impuros.
Esses sim me causam espanto.
Extasio-me com seus contorcionismos tétricos,
Que à olhos mortos parecem ousados;
Mas de perto, nem tanto.
Neste dia pretendo despir-me da tortura,
Respirar a aurora renovadora.
Iniciaria a manhã preferindo outro lugar...
Mais sujo e mais humano do que este!