Polyphonic Lazarus
A estranheza que se vê
Como um cadáver que reluz.
Um cadáver ainda incompleto e esquisito
Que veste sobras de outros corpos que o atravessaram
Impermanência dos sentidos
O que foi-se é portanto a virtude
Sentado em silêncio na sala de espera
Meus reféns, meus garranchos e meus carrascos
Me provocam, eu os aceito
Me devassam, eu os aceito
Me ofendem, eu revido
Me visitam, eu os recebo
O rei de castelos inabitáveis
São ecos de uma solidão hospitalar
Versos calvos que perdem a prudência
Enxergam o defeito e dele se alimentam
Perigo é encontrar a libido revidando com tinta gauche permanente
Todas as cores dos lábios que sujei, ou invejei pela noite
Com meu sexo, com meu fígado, com meus mantras,
Com mentiras, com meus deuses, com doenças invisíveis
E ainda que eu seja ruim e nefasto
Eu sempre volto, eu sempre vou voltar
Até não voltar mais e ecos assumirem o meu lugar
Assim estarei eu, sentindo o gosto da suprema fraqueza da existência
Todos que me veem, sabem: Finitude
Manifestação contrária a minha presunção de culpa
Já que sempre me doei à todos, por fugas rápidas
Eu valsei com tuas soluções insalubres e fora um pesadelo
Saiba, mesmo a morte mais feia e sofrida
Fora capaz de ser bela e reconfortante
E não é minha dissimulada devoção à ceifadores
Mas são efeitos do meu método do acerto comigo mesmo