As ilhas douradas

Sozinha de madrugada acompanhei você partir em retirada

Não contente me dependurei na sacada e ainda vi enquanto na esquina você virava

Em tons de definitivo tudo se mostrava e eu pensei em pular

dali desconsolada

Mas meu anjo de guarda me salvou dessa ideia desesperada

Porém o destino não perdoou e no rádio nossa música tocava sem dó dessa pobre

abandonada

O jantar intocado sobre a mesa repousava e a incerteza em mim habitava

O que seria de mim e das suas roupas passadas

E o seu livro preferido na estante da sala

E o seu vinho querido na adega

que suas mãos cortejavam

Chorei pelo que perdi e pelo que me deixava

Um pedaço seu em cada canto da casa

O que seria de mim sozinha e abandonada

Sem o calor do seu corpo e o arranhar da sua barba

Sem o futuro que tanto planejava e a nossa viagem pras ilhas douradas

O que seria de mim sem a metade que me faltava

Considerei de novo a sacada mais abri seu vinho e tentei esquecer que ali você não mais voltava

Esquecer que dali em diante eu seguiria sozinha e com metas

inacabadas

Sozinha voltei até a sacada mais antes deixei um bilhete no centro da sala

Ali tudo terminava

Você virava a esquina e eu saltava da sacada rumo as ilhas douradas

Nicolly Raimundo
Enviado por Nicolly Raimundo em 28/02/2022
Reeditado em 28/02/2022
Código do texto: T7462232
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