As ilhas douradas
Sozinha de madrugada acompanhei você partir em retirada
Não contente me dependurei na sacada e ainda vi enquanto na esquina você virava
Em tons de definitivo tudo se mostrava e eu pensei em pular
dali desconsolada
Mas meu anjo de guarda me salvou dessa ideia desesperada
Porém o destino não perdoou e no rádio nossa música tocava sem dó dessa pobre
abandonada
O jantar intocado sobre a mesa repousava e a incerteza em mim habitava
O que seria de mim e das suas roupas passadas
E o seu livro preferido na estante da sala
E o seu vinho querido na adega
que suas mãos cortejavam
Chorei pelo que perdi e pelo que me deixava
Um pedaço seu em cada canto da casa
O que seria de mim sozinha e abandonada
Sem o calor do seu corpo e o arranhar da sua barba
Sem o futuro que tanto planejava e a nossa viagem pras ilhas douradas
O que seria de mim sem a metade que me faltava
Considerei de novo a sacada mais abri seu vinho e tentei esquecer que ali você não mais voltava
Esquecer que dali em diante eu seguiria sozinha e com metas
inacabadas
Sozinha voltei até a sacada mais antes deixei um bilhete no centro da sala
Ali tudo terminava
Você virava a esquina e eu saltava da sacada rumo as ilhas douradas