A PARCEIRA
Perdeu a graça esses novos dias
Que começavam com belas manhãs
Dois lindos olhos que me apareciam
Dando bom dia dos quais era fã.
Aquela voz alegre saltitante
Pra mim calou-se que coisa ruim
É como a noite recolhendo o dia
É só um escuro que não tem mais fim.
Tinha alegria em tecer meus versos
Que declamavam a lua, o sol e a flor
A vida vinha e eu de peito aberto
Com minhas letras proclamava amor.
Agora tudo ficou sem sentido
Perdi meu chão, meu eu, até meus versos
O meu castelo, um sonho, e o paraíso
Eu naufraguei, fiquei submerso.
O meu afeto, o amor, poesia
Foram reais vindos do coração
Mal entendidos por quem recebia
Tudo foi tido como empolgação.
Sigo agora este meu caminho
A passo lento, que desilusão
Mas conformado com o meu destino
Minha parceira é a solidão.