CORES NUAS.
Diante de mim tenho uma
folha em branco me chamando
o tempo todo, às vezes, acena com
certo exagero querendo se explicar.
Diante de mim tenho uma
xícara de café que está
pela metade, a fumaça, sai trêmula
e vai subindo e sumindo lentamente.
Diante de mim aquelas lembranças
das coisas que não se devia ver
são cores nuas, e àquele, amontoado
de palavras são espinhos nos olhos.
Diante de meus olhos machucados
todas as cores são desbotadas sem
nenhum sentido, mas, sou este mísero
catador de palavras de dor e medo.