Despedida sem papelete
Faltaram palavras para por num bilhete e a minha voz já gélida não pode te telefonar pelos motivos que você tanto conhece.
Decidi sair assim, sem um adeus adequado, e no meu choro calado fui devagarinho embora para não te acordar, observando o teu corpo desnudo perene nos lençóis…
(E o nosso amor prêt-à-porter)
Desci as escadas e o aroma do teu perfume me acompanhou tal como aquele beijo que demos depressa antes de você correr pro teu abrigo, e pros braços de quem lá sempre está a tua espera.
Faltaram palavras para deixar em um bilhete sobre a escrivaninha e despedir-me a altura do que eu nunca quis deixar para trás;
(Sempre acreditei demais em nós)
Despedir-se é deixar morrer no tempo é por fim nas coisas eternas por um breve momento, acho que por isso nunca fui capaz de te dizer adeus.
E a tua ausência se instaurou em mim como uma doença, como algo que instintivamente me faz voltar ao teu encontro, e não há cura nem remédio que te resgate dos meus sonhos por enquanto.
(Tô te amando na mais segura distância)
RCRM